quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Falando sobre rótulos...





Há algumas semanas escutei uma conversa interessante. Certa mãe, cujo filho possui várias características típicas de autismo, afirmou que, embora suspeitasse que ele fosse autista, não levava seu filho ao médico porque não queria dar-lhe nenhum rótulo.
Muito bem, o autismo é um tipo de rótulo. Não podemos negar. Algumas vezes, o rótulo limita. Porém, na maioria delas, ele amplia os horizontes. Abre a mente...
Deixe-me usar um exemplo real: certo dia, meu filho teve uma crise porque precisou tirar a camisa em público. Esse ato é bastante desconcertante para ele e aquilo o desestabilizou completamente. Ele começou a chorar e tentou se esconder, tampando o corpo com as mãos.
Se eu não tivesse o laudo de autismo, aquela situação poderia se tornar algo extremamente doloroso para todos os envolvidos: ele continuaria gritando, as pessoas que não o conheciam ficariam assustadas e eu ficaria nervosa diante da cena. Mas não. Tudo foi explicado de forma tranquila, Henrique se reorganizou e aquelas pessoas tiveram o privilégio de aprender um pouco mais sobre o que é o autismo.
A fala daquela mãe mostra, para mim, uma pessoa ainda aprisionada no terreno do medo. Ela sente que há algo diferente em seu filho, sofre com isso, mas não vai atrás do laudo específico, justificando seu medo na ideia de que estaria lhe dando um rótulo eterno.
Mas, como professora de crianças há mais de dez anos, eu posso dizer com propriedade que o que elas mais fazem é dar rótulos umas às outras. E os adultos também. Principalmente para pessoas que se destacam em alguma característica diferente...
Os rótulos da sociedade podem ser cruéis. O chamado bullying, que aflige os adultos dos dias atuais, tanto pais como professores. O bullying nada mais é do que rótulos criados baseados em questões exacerbadas. Alguns exemplos de rótulos que crianças não diagnosticadas com autismo recebem: esquisitas, mimadas, mal educadas, rudes, insensíveis... Aí vai.
Estou levantando essas questões para deixar claro novamente que a busca por um laudo jamais será uma coisa negativa na vida do seu filho. Por mais que seja assustador, acredite, todo o medo passa depois de um tempo. Você fica mais forte, mais corajoso, mais inteligente, mais sensível. Porque, ao descobrir o que afeta o seu filho, você vai aprendendo diariamente, seja através de estudos particulares ou na troca com pessoas que tem filhos com a mesma deficiência do seu.
Desde que recebi o laudo do Henrique, eu mergulhei de cabeça nesse tal espectro e senti liberdade!
Sim! A liberdade de tomar as atitudes corretas para educar e estimular meu filho, sem me preocupar o que os outros estão pensando ou não disso. A liberdade de aceitar o meu menino do jeitinho que ele é, mas sempre buscar meios de trazê-lo mais para perto de nós, minimizando ao máximo as suas alterações emocionais, sociais e sensoriais.
Hoje sou uma mãe livre. Meu filho não tem um rótulo. Ele tem um laudo que nos ajuda a compreender esse mundo azul lindo e cheio de aprendizados.
Não deixe que nenhuma ideia te impeça de buscar o laudo do seu filho. Essa busca, embora pareça assustadora, renderá frutos maravilhosos para toda a sua família! Pode acreditar nisso.

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