Faltam
dois dias para o Natal. Nosso país está envolvido em uma onda de luzes,
enfeites e “Papais Noel” por todos os lados. A propaganda na televisão fala
repetidamente da importância de presentear, de festejar, de amar... E eu olhei
para um lado não tão colorido do mundo e fiquei aturdida.
Lá
não tem cores, enfeites, Papai Noel. Na verdade, lá não tem nada digno de ser
visto. Têm pessoas morrendo de forma brutal, famílias se suicidando para fugir da
violência, crianças que não tem mais força para chorar, pessoas fugindo
desesperadas. As luzes que brilham daquele lado do mundo são as luzes das
bombas e fagulhas de metralhadoras que dizimam centenas de milhares de pessoas
há mais de cinco anos. Mais de 240 mil
pessoas morreram desde então e, dentro desse número, estão 12 mil crianças.
A ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que mais de 7
milhões de sírios abandonaram suas residências dentro do país e quase 60% da
população vive na pobreza.
Aí eu fico aqui, lembrando que teremos uma ceia com a família
daqui dois dias. Então eu penso mais fundo e vejo o quanto sou agraciada por
ter uma família. Por ter um lar. Por poder andar na rua sem que uma bomba
exploda diante de mim ou uma metralhadora extermine minha existência no caminho
da padaria. Mas, que padaria? Eles mal têm o que comer, o que vestir. E a cada
dia, mais e mais pessoas ficam sem um lugar para morar. E eu aqui, pensando se
compraremos presentes ou faremos amigo-secreto.
Então percebi minha completa inutilidade nesse mundo.
Sinceramente, para que uma festa tão esplendorosa como o Natal, onde tantas pessoas
cantam, vão à igreja, acendem velas e pedem por suas intenções particulares tão
pequenas (diante de Aleppo,diga-se, insignificantes), quando em um lugar do
mundo está acontecendo algo tão desastroso como a guerra da Síria?
Tanto dinheiro que gastamos com frivolidades, enfeites,
jantares, presentes... Enquanto isso, tem milhares de crianças passando fome e
dormindo sob o domínio do medo e da insegurança. Pinheirinho, velas, peru...Para
quê?
A maioria das pessoas se lembra da Segunda Guerra Mundial com
grande reverência, salientando todo o sofrimento e tristeza que ela causou...
Mas isso acabou em 1945. Temos agora, em pleno século XXI, uma guerra tão cruel
quanto, matando pessoas da nossa geração. E nós aqui, pensando na ceia de
Natal... No vestido novo... No tablet, smatphone, notebook, Xbox... Pensando em
futilidades. E enquanto pensamos nisso, mais gente morre, mais crianças choram,
sentem fome, sede e dor... No nosso tempo, na mesma hora que nós entoamos
alegremente os cânticos de Natal. É agora que a Síria está em guerra, não
adianta fingir que não é com a gente. Não adianta dizer que não podemos fazer
nada, porque podemos. E devemos. Tanto dinheiro gasto com as festas de Natal e na
hora de ajudar alguém que precisa, temos a coragem de dizer que não podemos,
que não temos condição. Estamos pensando novamente nas nossas imbecilidades,
nossas férias, nossa ceia de Reveillón, nas economias para trocar de carro e
coisas assim.
Rezar é bom. Estar em sintonia com Deus e pedir por essas
pessoas e essa situação tão triste e devastadora é o mínimo que qualquer
cristão deve fazer. Mas não fique só nisso. Ajude mesmo. Se cada um fizer uma
pequena doação, essas entidades poderão salvar mais vidas. É ridículo pensar
que podemos gastar tranquilamente cinquenta reais em um jantar e acreditarmos
que essa mesma quantia é um exagero para se doar a uma causa como essa. Aleppo
é urgente. Não adianta deixar tudo acabar para dizer o quanto foi triste. Já
está triste o suficiente agora. Que cada um consiga fazer um gesto concreto
nesse Natal. Senão, toda a reverência ao Soberano Deus que nasceu numa
manjedoura não vai passar de hipocrisia. Afinal, a fé se mede em obras, não em
palavras.
1. Ajude
a Capacetes Brancos
Encabeçada pelo líder humanitário Raed Al-Saleh,
esta organização é responsável por procurar e salvar vítimas em regiões
controladas pelos rebeldes, inclusive em Aleppo.
Até o presente momento, 10 mil
feridos já foram resgatados durante o conflito. Integrantes também
desempenham, além da retirada de pessoas de bombardeios e escombros, as tarefas
de arrecadação de dinheiro para próteses e apoio psicológico aos familiares dos
mortos. Saiba como doar visitando seu site oficial.
2. Ajude
o Médicos Sem Fronteiras
A organização fornece suprimentos médicos para 158
hospitais localizados no leste de Alepo, uma das áreas mais atingidas pela
guerra, e tenta manter 6 instalações médicas distribuídas na região
norte do país.
Pela intensificação dos
conflitos, a maioria destas instituições não estão sendo capazes de atender
todos os feridos. Por isso, as doações são fundamentais. Saiba como ajudar e leia sobre o trabalho na Síria.
3. Ajude
o Comitê Internacional de Resgate
O IRC, como é conhecida, é
responsável por assistir pessoas que estão fugindo de guerras ao redor do
mundo, inclusive os refugiados sírios. Acesse o site oficial para doar.
4. Ajude
a Salve As Crianças
Esta ONG é responsável por
auxiliar crianças e seus familiares a fugirem dos conflitos que os afetam –
tanto os que se mudam internamente, quanto aqueles que partem para outros
países. Saiba mais sobre o trabalho dos voluntários e faça sua doação.
5. Ajude
a Agência de Refugiados da ONU, a Estação de Ajuda aos Migrantes e a Questscope
Ser obrigado a deixar – às vezes
sem absolutamente nenhuma perspectiva de mudança – sua casa é uma realidade
recorrente para a maioria dos refugiados ao redor do mundo. A Agência de Refugiados da ONU é uma das
responsáveis por fornecer educação e recursos essenciais para que esses
pequenos retomem suas vidas em outro país.
Outras organizações que unem
esforços em prol da causa são a Estação de Ajuda aos Migrantes e
a Questscope, a primeira presta assistência a refugiados
da Jordânia e a segunda ajuda os refugiados a cruzarem o mar rumo à Europa em
segurança.
6. Ajude
o Movimento Internacional da Cruz Vermelha
A organização está auxiliando na
retirada de civis feridos – entre eles mulheres e crianças – das regiões mais
suscetíveis aos bombardeiros aéreos e ataques terrestres, principalmente
em Alepo. Para que os resgates continuem, doe
pelo site oficial.
http://claudia.abril.com.br/noticias/6-maneiras-efetivas-para-ajudar-as-vitimas-de-aleppo/