sábado, 7 de janeiro de 2017

Etapas para a felicidade





Eu estava fazendo um passeio virtual pelo facebook, quando me deparei com algo digno do meu tempo: um texto do Piangers. Que cara é esse? Fala tudo o que a gente sempre quis dizer! Eu não enjôo de ler e reler o que ele escreve, simplesmente porque ele diz o que eu preciso ouvir na hora certa. Sempre. O texto em questão, de título “Aproveita Agora”, relatava uma coisa que sempre me incomodou na minha reles existência nessa sociedade: os clichês que ouvimos e repetimos sem nos dar conta ao longo da vida.
Piangers destacou aquelas frases toscas que as pessoas sempre falam aos casais recém-grávidos: “Aproveita para dormir agora”, “Te prepara”... Falado num tom de ameaça velada, como se ter um filho fosse destruir sua vida... E a verdade é que acontece justamente o contrário. De qualquer forma, Piangers explica mil vezes melhor do que eu poderia explicar essa questão...  No entanto, existem outros clichês repetidos diariamente ao nosso redor que também me fazem refletir... Cheguei à uma conclusão um tanto polêmica: a verdade é que a sociedade impõe etapas (ou degraus, se ficar mais fácil de entender assim) para que se alcance a verdadeira felicidade.
Iniciamos com o namoro. O casal está feliz e animado, anunciando aos seus conhecidos que descobriram o amor e estão namorando. Tudo é lindo para eles, as flores, as selfies, os passeios e as conversas infindáveis... Aí, chega aquela tia, avó, prima, que seja, e faz a pergunta: “quando vão noivar?”... Noivar? Estamos namorando, queremos curtir esse momento... Mas não, eles vão repetir e repetir essa pergunta até que o casal finalmente sucumba (ou simplesmente se decida) ao noivado.
A pergunta seguinte todos sabem, e muitos que estão lendo o texto já fizeram a algum casal com as alianças douradas recém colocadas nos dedos: “e o casamento?”. Não é possível ser feliz vivendo a etapa do noivado por si só sem pensar na data do casamento, certo? Errado. Cada momento da nossa vida é especial e deveria ser vivido única e exclusivamente. Fazer planos para o futuro é bom, mas não é o principal ingrediente da felicidade.
Chegou o dia do casamento. O casal está cortando o bolo da festa e já tem gente perguntando do primeiro filho. Calma... Deixa eles decidirem a hora certa. Há pessoas que já engravidam na lua de mel e isso é ótimo. Há aqueles que esperam anos, um, dois, vários... Não corre da conta dos outros essa quantidade. Cada casal é único e vai fazer suas escolhas por si. Complementando que  um casal sem filhos não é um casal infeliz, incompleto. Pode ser que aquele casal tenha determinação de não ter filhos. No mundo de hoje, é absolutamente compreensível... Mas enfim, novamente a sociedade trabalha com esse tipo de pergunta clichê, querendo colocar uma nova etapa para o alcance da felicidade.
Outra coisa que percebo bastante: para a sociedade, uma família feliz é composta de quatro integrantes: o casal e dois filhos (também um casal). Assim, quando surge a gravidez do segundo filho, todos querem que o próximo bebê venha do sexo oposto do primeiro. “Um casalzinho...” Eu, que tive dois meninos ouço de estranhos (que nunca vi em toda a minha vida) a pergunta: “Não vai tentar a menina?” Oi! Que menina? Há algo errado com meus dois meninos para eu ter que “tentar a menina”? Mas não adianta discutir com esse padrão social enrijecido de que todo homem quer um filho homem e toda mulher quer uma filha mulher. Não adianta dizer que estou absolutamente feliz com meus dois guris... Então, eu aprendi a fazer uma bela cara de paisagem, dar um sorriso e sair de fininho.
As mulheres são bastante metralhadas, em vários setores: mulher que trabalha fora e deixa os filhos na creche é desalmada; em contrapartida aquelas que abrem mão da carreira e ficam exclusivamente em casa, são preguiçosas, estão vivendo como as mulheres medievais... Mas vamos falar sério, a sociedade, com seus clichês e estereótipos de família perfeita, papel de cada um dentro de casa e educação dos filhos, é totalmente medieval. Quando vamos aprender que cada família é única, com suas escolhas, erros, acertos, alegrias e decepções e que não cabe a ninguém julgar ou criticar as escolhas dos outros? Conheço mulheres que são realizadas e conciliam perfeitamente o trabalho integral com a criação dos filhos. E outras se realizaram ao deixar suas profissões e se dedicar exclusivamente ao lar. Não há nada de errado em nenhuma das escolhas delas. O importante é elas estarem felizes, plenas, satisfeitas. E isso serve para todas as outras escolhas das nossas vidas.
Como mostrei com alguns exemplos práticos que vivenciei e vivencio diariamente, a felicidade não pode ser algo inalcançável. Assim, como a sociedade organiza, nunca seremos felizes, porque sempre precisamos de algo mais: uma nova aliança, um filho homem, uma filha mulher, ter uma carreira, abandonar a carreira... Enfim... Coisas e fatos que vão afastando da gente a chance se sermos completamente felizes hoje. 
Hoje eu sou feliz. Quer eu tenha dois meninos e não tenha pretensão de tentar a menina, quer eu trabalhe fora o dia inteiro ou não... Hoje a felicidade está ao meu alcance e preciso aproveitar cada instante dela. Amanhã, meus preciosos meninos serão homens e eu não poderei mais deitar ao lado deles na cama para vê-los adormecer. Mesmo que a sociedade diga que eu não posso dar muito colo e que eles precisam dormir sozinhos. A sociedade não está dentro da minha casa e não pode ter influência nas minhas escolhas. Eu as faço, errando e acertando e levando o tempo necessário para viver cada etapa, indiferente se os outros dizem que devo ter ou fazer para ser completamente feliz.



Seja sou feliz agora. Com a sua família do jeitinho que ela é e curtindo cada momento de aprendizado dentro do seu lar. O resto, bom... é simplesmente resto.