Essa
é uma das semanas mais pesadas do ano. Nessa semana somos convidados a refletir
sobre o valor da vida e nos deparamos com a realidade da sua brevidade. Um dia,
aqueles homens, jovens ou mais velhos, estavam abraçando seus familiares para
embarcar num avião. Eu imagino a cena, que deve ter sido corriqueira para a
maioria, levando em conta a vida de viagens que aqueles profissionais levavam. Alguns,
dando até logo, sem muita profundidade, afinal, era só mais um jogo; outros talvez
tivessem discutido com alguém da família e pensaram que resolveriam na volta...
Mas que volta? Não teve volta e não
terá. Era um dia normal, uma despedida dessas tantas que damos a quem amamos,
na saída de casa todos os dias, aquele tchau corrido, ás vezes um beijo rápido,
um abraço apressado...
Aqueles
homens morreram de repente. Mas a morte é de repente. Não há como ler, pela
manhã, a lista de nomes de pessoas que morrerão naquele dia, naquele mês,
naquele ano... A lista que existe é a dos que já foram. Não dá pra dizer: esse
aqui vai primeiro, vou me dedicar mais a ele... Não é uma coisa possível e isso
assusta o ser humano mais do que ele gostaria de admitir.
Esse
ano foi o ano das perdas... Perdemos muitas pessoas ao nosso redor, seja por
doença, velhice, acidente... Para o nosso convívio, foram muitas. A dor da
perda só não é maior do que a surpresa do momento. Se eu soubesse... Teria dado
um abraço mais comprido naquele dia. Teria falado o “eu te amo”, que deixei
para falar mais tarde. É uma infinidades de ‘eu teria...’ que apenas o coração
de cada um pode dizer.
Sinto
meu coração apertar quando penso nas pessoas que ficaram. Como eu tenho uma fé
firme do porvir, não tenho pena dos que foram. Eu realmente acredito que eles
estão muito melhor do que nós nesse mundo. Mas a dor e a saudade dos que
ficaram é o que me sensibiliza de verdade. Dói demais. Principalmente porque a
morte chega sem bater na porta, ela entra e leva, esteja você preparado para
isso ou não. E se não tínhamos resolvido tudo o que precisava ser resolvido,
fica aquela marca do “agora não dá mais”. Não dá mais para beijar, abraçar,
valorizar. Não dá. A única coisa que resta é entrar em contato com o Doador da
vida e mandar um recado através dele. E Ele ouve e transmite, eu tenho certeza
disso. Só assim o coração de quem ficou vai conseguir ter paz e aceitar a
realidade – triste, assustadora, parecendo às vezes cruel – de que não somos
nada nesse mundo.
Por
isso, como diz a canção: “Ame mais, abrace mais... Pois não sabemos quanto
tempo temos pra respirar”. Quando o respirar termina, todas as demonstrações de
amor, gratidão, respeito e admiração se tornam desnecessárias. As pessoas
passam tempo demais julgando, criticando, desvalorizando, sem pensar que o
avião da vida está no ar e, de uma hora para a outra, pode acabar o
combustível. Bobo isso, né? Como vai acabar o combustível de um avião? Mas
acabou do avião que levava o time inteiro da Chapecoense. O motivo da morte
dessas pessoas não poderia ser mais ridículo. Mas a morte é ridícula. Eu achei
absolutamente ridículo meu pai morrer em cinqüenta dias, levado por um câncer galopante.
Assim como é ridículo perder tempo com brigas, contendas, fofocas, inveja. O ser humano precisa entender essa questão e
valorizar mais a vida. A sua vida, sim, mas principalmente a das pessoas que
estão ao redor, tantas vezes implorando silenciosamente por olhares e palavras
amorosas de nossa parte. Incentivo... Torcida. Cada um está tão fechado em si,
em seus próprios problemas e em suas próprias certezas incertas de que vai dar
tempo mais tarde, que o avião cai sem dar tempo para mais nada. O depois pode
não chegar. Não chegou para eles... Só nos resta rezar por todos... Pelos que
foram, para que alcancem a plenitude que todos desejamos... Mas principalmente
pelos que ficaram, que agora vivenciarão seus momentos angustiantes do “e se...”
e “eu devia...”. Rezo sinceramente que esse momento passe rápido e eles possam
se agarrar nas mãos do Doador da vida para compreender a incompreensível
brevidade da nossa existência nesse mundo.
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